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19/04/2024ㅤ Publicado às 09:51

Você já pensou em como a forma como os povos originários construíam suas moradias influenciou a nossa forma de morar? Neste dia 19 de abril, dia dos povos indígenas, o CAU/PB convida você a refletir: em tempos de mudanças climáticas, as nossas moradias poderiam ser mais sustentáveis? O que podemos aprender com a arquitetura indígena?

O que diferencia uma aldeia e outra entre as comunidades indígenas brasileiras é a condição climática e a disponibilidade de materiais locais. Grande parte das aldeias utiliza a amarração de cipós nas estruturas de madeira, assim como entalhes no madeiramento das estruturas para facilitar o encaixe das peças. Geralmente, essas habitações são dispostas em um formato ortogonal nas aldeias, formando uma grande praça central na qual a comunidade realiza atividades cotidianas como festas, cerimônias e rituais sagrados.

Uma única aldeia pode chegar a ter aproximadamente 400 moradores. Suas casas são chamadas de oguassu, maioca ou maloca (casa grande), cujo tamanho é de cerca de 150 metros de comprimento por 12 metros de largura. Cada maloca é dividida internamente em espaços menores, de mais ou menos 36 metros quadrados, onde reside uma família. Esse pequeno espaço recebe o nome de oca.

Na tradição indígena, cabe aos homens construir e erguer a estrutura das malocas enquanto as mulheres socam o barro a ser assentado no chão da habitação. Quando uma casa fica com sua cobertura de palha extremamente seca, a comunidade realiza sua queima controlada e constrói outra de igual formato em seu lugar. A casa é o lugar preferencial das mulheres, onde elas exercem as atividades familiares como o preparo do alimento, feito próximo aos pilares que sustentam a cumeeira, em um tipo de oca circular.

Veja abaixo as características da arquitetura de alguns povos indígenas:

Arquitetura no Xingu – Na tradição das etnias do Parque do Xingu, as ocas são construídas tendo por referência o corpo de um animal ou de uma pessoa. A parte frontal da habitação representa o peitoral, assim como os fundos da moradia representam as costas. O chão, onde serão cravados os pilares de sustentação e toda a sua estrutura, representa a solidez da casa. Já a ala íntima da habitação, semelhante aos cômodos para descanso da sociedade não indígena, é diagramada pelos semicírculos laterais, sendo designada como as nádegas da casa.

Feita com ripas de madeira e bambu, a vedação da moradia refere-se às costelas, sendo o revestimento das paredes comparado aos cabelos do corpo humano, assim como a cumeeira faz referência à cabeça. O tipo de construção dos xinguanos se assemelha ao utilizado pelos indígenas da etnia Marubo, do Amazonas. Em ambos os casos as construções são antropomórficas, e associam a moradia à proteção xamânica, de cunho espiritual.

Arquitetura Yanomami – As comunidades Yanomami do Amazonas e de Roraima constroem suas aldeias em formato circular, chamando-as de “shabonos”. Seu dimensionamento é feito conforme o número de ocupantes que abriga. Normalmente, em cada casa reside apenas um grupo familiar. A aldeia possui um grande vão central que pode chegar a 15 metros de altura, sendo coberto por folhas de palmeiras sobre uma estrutura de galhos e varas. Os homens cuidam da construção em si, enquanto as mulheres coletam galhos e cipós para a amarração das estruturas e folhagens de bananeira para sua vedação.

As habitações indígenas podem influenciar a produção arquitetônica brasileira contemporânea de diversas formas, desde uso de técnicas construtivas que são passadas entre gerações, até releituras das formas das casas para proporcionar conforto térmico e praticidade estrutural. Ao estudar os diferentes exemplares da arquitetura indígena, é possível assimilar soluções sustentáveis e adaptadas às condições ambientais.

Adotar práticas projetuais baseadas na arquitetura indígena é uma forma de responder às demandas contemporâneas, conciliando adaptabilidade ao contexto, interlocução com a comunidade e materiais e técnicas construtivas locais. Em tempos nos quais a sustentabilidade está no foco de discussões de como enfrentar questões climáticas e ambientais, voltar o olhar a práticas vernaculares pode ser uma forma de aprender como lidar com estas questões de uma maneira diversa.

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