CAU/PB participa do debate “Cidade censurada”

Evento “Cidade censurada” aconteceu no Centro Histórico de João Pessoa.

O presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo da Paraíba (CAU/PB), Cristiano Rolim, participou na noite desta segunda-feira (23), do evento “Cidade Censurada”, um debate sobre a violência urbana e a consequente perda de urbanidade. Promovido pelo CAU/PB e pelo Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo da UFPB (TRAMA), com o apoio do Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento Paraíba (IAB.pb), o evento aconteceu na Casa n.º 2, localizada no Largo São Frei Pedro Gonçalves, no Varadouro e contou com grande presença de profissionais e estudantes de Arquitetura e Urbanismo e de áreas afins. Também estiveram presentes a deputada estadual Estela Bezerra e o vereador Lucas de Brito.

Além do presidente do CAU/PB, participaram do debate o tenente coronel Carlos Sena (comandante do 5º. BPM); o arquiteto e urbanista Lucas Figueiredo (professor da UFPB), o sociólogo Adriano de León (professor da UFPB) e o músico Rayan Lins (integrante do Coletivo Mundo/Varadouro Cultural). O debate foi mediado pela arquiteta e urbanista Amélia Panet (UFPB, CAU/PB e TRAMA).

Cristiano Rolim, presidente do CAU/PB, proferiu a palestra “Cidade Censurada”.

O presidente do CAU/PB iniciou sua palestra abordando questões como a segregação e a violência, destacando como o medo da violência transforma a paisagem urbana. “Ações privadas e fragmentadas de proteção (muros, grades, câmeras etc.) aumentam a segregação social e são ineficazes na diminuição da violência”, destacou Cristiano Rolim. O arquiteto e urbanista destacou ainda o filme “Ensaio sobre a Cegueira”, do escritor José Saramago, para ilustrar a questão do isolamento urbano e abordou a questão da urbanidade, destacando que as cidades são feitas para pessoas e por isso deve ser inclusiva e contemplar a diversidade e pluralidade das pessoas.

Amélia Panet, mediadora do evento, durante a abertura.

Cristiano Rolim abordou ainda os movimentos “Ocupe”, que tomaram grande dimensão nos dias atuais e finalizou destacando que a cidade para as pessoas precisa ser construída de maneira colaborativa entre o poder público, a iniciativa privada e a sociedade civil organizada. “Temos que aprender a fazer planos para a cidade, não planos de gestão, mas planos para a gestão, para o espaço público. Temos que pensar o espaço público ao invés de pensar no lote individual e privatizado”, finalizou Cristiano Rolim.

O arquiteto e urbanista Lucas Figueiredo abordou a questão do crime e o espaço urbano, destacando que para combater o crime devem-se realizar investimentos em segurança pública, enquanto que para se combater o medo e as mudanças que ele causa na arquitetura da cidade, deve-se mudar o Código de Urbanismo. “Precisamos de investimentos na qualidade dos espaços públicos e isso só vai acontecer por meio da contratação de arquitetos e urbanistas por concursos públicos”, afirmou.

O sociólogo Adriano de León mostrou o olhar da antropologia em relação ao aumento da violência, fazendo um crítica embasada sobre a dominação e manipulação dos setores mais conservadores da sociedade e dos meios de comunicação. O músico Ryan Lins destacou a ausência de políticas estruturantes para o Centro Histórico da cidade e a importância do reconhecimento de uma população que habita esse local, tido como abandonado mas que precisa de investimento em educação e segurança.. O comandante Carlos Sena explicou como é realizado o trabalho da Polícia Militar e destacou o programa “Paraíba Unida pela Paz”.

Presente ao evento, a deputada estadual Estela Bezerra parabenizou a iniciativa do debate e destacou a importância das mudanças realizadas na cidade, nas últimas gestões, com a obra realizada no Almeidão e as reformas das praças e outros espaços públicos. O vereador Lucas de Brito, que também atendeu ao convite, destacou a necessidade de implementar políticas de incentivo e valorização do centro antigo com ações como o IPTU progressivo e isenção do IPTU para imóveis tombados de João Pessoa.

O debate continuou com boa participação da plateia que contou com grande número de arquitetos bem como de estudantes. Foi uma grata surpresa termos participantes das áreas de história e comunicação.

A segurança pública é um dever do Estado mais é uma responsabilidade compartilhada por todos nós. Acho que todos nós temos parte importante nessa questão relacionada à segurança, principalmente quando utilizamos os espaços públicos, quando promovemos experiências que valorizem o Centro Histórico, mostramos que também estamos contribuindo com a vivência da cidade”, finalizou Amélia Panet, mediadora do debate.

O TRAMA é um grupo de extensão universitária do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPB, que não possui fins lucrativos e se caracteriza por ser de gestão e iniciativa estudantil, baseado em princípios sugeridos pelo projeto EMAU (Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo), criado pela FeNEA (Federação Nacional de Estudantes de Arquitetura e Urbanismo), que tem como um de seus objetivos promover a interação do meio acadêmico com a sociedade, realizando atividades de forma integrada e flexível, valorizando a multidisciplinaridade e a coletividade, em parceria com associações, entidades, conselhos e demais organizações.

O CAU/PB sentiu-se honrado e satisfeito pela dimensão e qualidade das exposições e do debate e enaltece o apoio institucional do IAB.pb, agradecendo o convite dos meninos do TRAMA. Acreditamos que este tipo de iniciativa deveria ser replicada de forma mais constante, abordando assuntos que envolvam a cidade, a arquitetura e as relações profissionais dos Arquitetos e Urbanistas. O fato do evento ter acontecido na casa n. 2 do Largo São Frei Pedro Gonçalves, no bairro do Varadouro, só engrandece a dimensão do evento. Temos na mão dos arquitetos paraibanos, sobre a responsabilidade do IAB.pb, um bem patrimonial localizado em um sítio urbano de características muito preservadas e que precisamos ocupar e valorizar. “Que este tenha sido o início de muitas outras iniciativas e parcerias entre o CAU/PB, as instituições de ensino. Agradeço especialmente à direção do IAB pelo apoio institucional”, comentou o presidente Cristiano Rolim.

O evento contou com grande participação de profissionais e estudantes de Arquitetura e Urbanismo além de estudantes de diversas áreas.

Amélia Panet finalizou o debate convidando a todos os presentes a participarem no próximo dia 09 de dezembro, no auditório do Hotel Cabo Branco Atlântico, do evento “ATHIS: uma janela de oportunidades em Arquitetura e Urbanismo”, promovido pelo CAU/PB. O evento, que tratará sobre a Assistência Técnica em Habitações de Interesse Social (ATHIS), fará parte da programação da Semana do Arquiteto e Urbanista, celebrando o dia deste profissional, comemorado em 15 de dezembro. Para discutir este assunto será realizada uma mesa redonda de exposição e debate sobre o projeto Canhema II, realizado em Diadema/SP. Estarão presentes as arquitetas e urbanistas Fabricia Zulin e Renata Coradin, que fazem parte do projeto, que foi uma das quatro propostas de assistência técnica contempladas pelo Edital de Patrocínio do CAU/BR em 2015.